Histórico e desenvolvimento

A Rede Bibliodata, criada em 1942, representa uma das mais antigas e relevantes iniciativas de catalogação cooperativa no Brasil, sendo pioneira na consolidação de um modelo nacional de intercâmbio bibliográfico. Seu propósito central é integrar os acervos de bibliotecas e unidades de informação, promovendo um repositório unificado, padronizado e acessível ao público, com ênfase na disseminação qualificada da informação científica e técnica.

Sua origem remonta ao Serviço de Intercâmbio de Catalogação (SIC), instituído pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em parceria com o Departamento de Imprensa Nacional e a Fundação Getúlio Vargas, com o objetivo de resolver problemas de padronização nos registros bibliográficos das bibliotecas brasileiras. Em 1954, a responsabilidade pelo SIC foi transferida ao recém-criado Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), órgão que, posteriormente, deu origem ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), instituição que consolidaria seu papel como referência na gestão da informação científica nacional.

Na década de 1970, com o avanço da automação, o Ibict iniciou os estudos para o desenvolvimento do formato CALCO (Catalogação Legível por Computador), inspirado no MARC II da Library of Congress. A adoção oficial do formato em 1975 representou um salto qualitativo na padronização e no compartilhamento de registros bibliográficos no país. Em 1976, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) adaptou o CALCO para fins de cooperação bibliográfica, formalizando a criação da Rede Bibliodata/CALCO, com a adesão de instituições como o IBGE, a Biblioteca Nacional e a PUC-Rio.

Durante os anos 1980, a Rede Bibliodata expandiu significativamente sua abrangência, sendo incorporada a grandes redes de bibliotecas universitárias e institucionais. Entre 1994 e 1996, o formato CALCO foi substituído pelo padrão USMARC, garantindo maior compatibilidade com sistemas internacionais. Nesse mesmo período, consolidou-se a denominação oficial da “Rede Bibliodata”. Instituições como a Fundação Joaquim Nabuco, a Escola Superior de Guerra, a Biblioteca do Exército e a PUC-Rio desempenharam papel central no fortalecimento da Rede.

Um marco importante ocorreu em 2009, com a formalização da transferência da administração da Rede Bibliodata da FGV para o Ibict, por meio do Termo de Cessão de Uso de Software nº 3/2009. No entanto, entre 2013 e 2019, a Rede enfrentou um período de estagnação, com limitações técnicas e obsolescência tecnológica que comprometeram a manutenção e atualização da base de dados. A fragmentação da governança e a desatualização do sistema dificultaram a gestão integrada e a recuperação eficiente dos registros.

Diante desse cenário, em 2019, o Ibict iniciou o Projeto Pinakes, com o objetivo de reestruturar os serviços bibliográficos tradicionais, incluindo o Catálogo Coletivo Nacional (CCN), o Comut e a própria Rede Bibliodata. Esse esforço buscou superar os entraves do modelo anterior, promovendo a integração dos acervos, a recuperação da governança tecnológica e a adoção de ferramentas interoperáveis e de código aberto.

Em 2024, teve início o processo de recuperação e importação da base legada, composta por mais de 3,8 milhões de registros, para um novo sistema. Com o uso de tecnologias abertas como o Koha, a migração foi automatizada em Python e com um período de testes adequados, para assegurar a integridade e o desempenho dos dados. A nova versão da Rede Bibliodata, prevista para lançamento em 2025, incorpora protocolos como Z39.50/SRU, novas interfaces de acesso e integração com princípios da Web Semântica, marcando uma nova fase na história da catalogação cooperativa no Brasil.

Catalogação bibliográfica

Um dos primeiros instrumentos de Organização Bibliográfica que se tem notícia, foi um trabalho realizado por Calímaco, poeta, que trabalhou na biblioteca de Alexandria, onde compilou o PINAKES, que foi dividido por assuntos. Esse trabalho foi de suma importância para apoiar os trabalhos dos intelectuais da época e se tornou um modelo para catálogos elaborados desde então. Assim, iniciou-se a tradição Catalográfica que temos até hoje.

Catalogação é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos. A Catalogação abrange três partes: A descrição bibliográfica – a parte da catalogação responsável pela caracterização do item. O Ponto de acesso – a parte em que os usuários podem acessar a representação de um item no catálogo. Os dados de localização – as informações que permitem ao usuário localizar um item em determinado acervo. Este é o propósito da Catalogação Cooperativa quando uma obra é catalogada apenas uma vez e intercambiada para outras bibliotecas que tenha a mesma obra, reduzindo os custos de catalogação, eliminando o retrabalho e otimizando o tempo dos catalogadores.

O Código de catalogação mais utilizado é o AACR2 que abrange regras para a descrição bibliográfica e ponto de acesso de autor e título. Para o formato onde se registra dados legíveis para máquinas, é utilizado o MARC 21, que são os padrões e normas que possibilitam o intercâmbio de dados entre os Sistemas de informação, permitindo a troca de dados entre bibliotecas de uma mesma rede.

Estrutura da rede

A estrutura organizacional da Rede Bibliodata é constituída por:

  • Comissão Diretora;
  • Comissão Técnica Consultiva;
  • Unidade Central.